Um grupo de alegres rapazes da Serra tem como hábito descer para a planície porto-alegrense para comer, beber e se divertir na hora extra. A Capital gaúcha é pecaminosa, sabem até os anjinhos de procissão, e oferece variadas opções para quem quer experimentar as batalhas de Eros.
Mas como na Fórmula 1 e na musculação, é preciso aquecer a musculatura ingerindo energia líquida. E assim vieram eles.
Primeiro, fizeram uma lauta refeição regada a fermentados e destilados. Deram-se três horas de digestão para evitar congestão, escolhendo alguma casa prenhe de luxúria e prevaricação.
Luxúria de um lado e vamos-acabar-logo-com-isso de outro. É dura a vida noturna para quem faz dela seu ganha-pão. Os guizos da alegria são unilaterais.
Depois de zanzar pelos distritos eróticos mais conhecidos, como se batalhão precursor fossem, fizeram uma pesquisa interna e decidiram arranchar em uma conhecida casa noturna. O panorama visto da ponte era agradável. Então juntaram duas mesas e mandaram ver.
Pressentindo o vil metal, as moçoilas borboleteavam em volta da mesa como mariposas atraídas pela lâmpada. Um deles foi fisgado por uma bela mulher, que capturou seu coração Pelo menos provisoriamente. E lá se foi ele descobrir o que é que a baiana tem.
Estes estabelecimentos estão sempre racionando energia, de modo que tudo fica à meia-luz com jatos de luz faiscante de tempos em tempos. Esse é o clima ideal para o que a plebe rude chama de amassos.
Nesse rodopiar fixo como um par de caixinha de música, o serrano teve sua atenção despertada para o brilho eventual de uma correntinha de prata no tornozelo da moça. Devia ser coisa fina, talvez importada, pensou.
Aquilo o atraía de uma forma agradável. Ao ver a polaina mais de perto, levou um choque como se tivesse sido atingido por um raio.
Não era correntinha de prata. Era uma tornozeleira eletrônica.