Segunda metade dos anos 1970. Fui a Florianópolis a serviço e me hospedei no Hotel Querência, obviamente reduto de gaúchos. Tinha um encontro e saí mais cedo do que precisava, tipo 8h. Caminhando pela rua Felipe Schmidt, meu nariz capturou um esvoaçante aroma de pastel. Segui o rastro e dei de cara com uma lanchonete.
Recém-fritos, maravilhosos e enormes pastéis aguardavam sua vez de conhecerem o estômago humano. Sentei numa mesinha e pedi um mais um café preto. O rapaz que atendia trouxe o café e dois pastéis num prato grande.
– Meu amigo, eu pedi um só.
O rapaz mal me olhou.
– Eu trouxe dois, porque a carne que o senhor pensa que tem em um só tem em dois.
Isso eu chamo honestidade. Deveria ser contado nas escolas.