Em roda de amigos de juventude, em churrascaria comentávamos sobre como fazem falta os bar-chopes que vicejavam em Porto Alegre até o final dos anos 1970. O que os matou? No parking, no business, além de mudanças de cultura de entretenimento. Falamos sobre os cardápios, normalmente reduzidos, normalmente sanduíches abertos, almôndegas, filés. Mas todos tinham uma especialidade. Para ficar só em um, nunca mais se comeu um bolinho de peixe à milanesa com molho remolhado como no Bob’s, da Cristóvão Colombo, 36.
Foi aí que entrou o bolinho de feijoada. O Cláudio, que parece estar com o burro na sombra, contou que passou uma temporada no Rio de Janeiro só curtindo os bares. Falou com tanto entusiasmo dos bolinhos de feijoada (não é acarajé nem o japonês, é feijoada brasileira), que trocaria a picanha na minha frente por um só mísero exemplar dessa fritura.
De fato, há muitos anos comi um desses bolinhos, tira-gosto de um restaurante em Copacabana cujo nome me escapa. Era bom mesmo, de verdade. E a história do Cláudio trouxe à baila um velho tema meu, como a culinária gaúcha e seus artífices não viajam com olhos de trazer novidades para seus estabelecimentos.
Por volta de 2000, em Lisboa, no lançamento da Zaffira da GM, eu e o Rogério Mendelski entramos numa pequena loja de doces e quase não saímos mais, de tanta coisa que nós não conhecíamos. Nem as confeitarias de Pelotas, ao que eu saiba. Se eu tivesse vocação de ficar atrás no balcão, pegava um avião da TAP e voltaria com pelo menos uma dúzia de doces portugueses que nós nunca provamos aqui. O passo seguinte seria produzi-los aqui.
Como não tenho esse dom, vou ter que me resignar com que as casas oferecem.
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