Não há árvore que o vento não tenha balançado, diz esse maravilhoso ditado hindu. Fazendo uma analogia com a corrupção no Brasil, podemos afirmar que nenhum político ou administrador não tenha sido alvo de alguém disposto a molhar sua mão.
Só que não nos percentuais de hoje, em que projetos de 100 viram 200 porque o intermediário quer 100. Não senhores. No passado, era 2%, 3% até que um candidato a ser corrompido pegou o bodoque e arremessou a pedra de 10% – e conseguiu. Dali em diante nem o céu era limite.
Lembro da história de um governador paranaense chamado Moisés Lupion, que foi acusado de vender uma praça mixuruca nos anos 1950 e virou manchete nacional. Na realidade, lincharam o cara; hoje sabemos que ele foi vítima de insidiosa campanha de adversários políticos, por aí. Eu era adolescente e me escandalizei com o caso, onde já se viu vender uma praça?
Lembrança vai, lembrança vem, teve o caso de um jogador de futebol de várzea que foi subornado com três cervejas Brahma e igual número de entradas de cinema no único que havia na cidade do Vale do Caí. Alguém dedurou o coitado, que em tom de desabafo disse a quem quisessem ouvir.
– Mas um vivente não pode nem beber uma cervejinha que lá vem calunha?