Devem existir milhões de textos que começam com percalços que a vida nos presenteia. Então, não fujo da regra. A vida me colocou várias cascas de banana, e eu escorrego em muitas.
É o caso desta Páscoa. Mas evito choramingar. Aconteceu, pronto.
Como a maioria deve saber, há cerca de um mês, colocaram-me quatro stents, e tudo correu bem com o procedimento. O único e grande problema foi com os milhões de remédios que preciso tomar, precisamente o que reduz o colesterol.

Eta, coisa mais braba! Está na bula que pode causar fraqueza, dor nas articulações, cansaço. E como eu sou eu, um quarto efeito colateral, tontura.
Com o tempo passando, estes miseráveis efeitos foram atenuados. Entretanto, se hoje ainda persistem, não sei, porque estou pregado na cama de novo.
Algo que comi, acho que foi um sanduíche de pão de carne com queijo, chegou na minha boca, foi mordido, escorreu pela garganta e, ao chegar ao estômago, foi logo gritando “te peguei, otário!” E pegou mesmo.
De lá para cá, posso ser rebatizado de Fernando Quinze Minutos. É o tempo que levo para correr ao banheiro, mesmo que só tenha bebido água.

E churras, como dizem na fronteira oeste, é o demônio em forma líquida. Felizmente, o doutor Deiner me receitou um remédio que, em um mundo paralelo, deve ter sido uma rolha, pois funcionou como uma.
Quase quatro dias de bolachinhas de água e soro caseiro bebido de 20 em 20 minutos – preparado por minha filha Fabíola, deixaram-me mais fraco que discurso de defesa de corrupto. Em todo o caso, tem quem tirar algo de bom no ruim: economizei um bocado de dinheiro em almoço e jantar. Como eu sou feliz, Nossa Senhora.
O que mais posso dizer? Vi filmes que já tinha visto na TV, documentários produzidos há mais de 15 anos, dormi com um olho aberto para cumprir horário no vaso, lembrando a saudação dos escoteiros: sempre alerta.
Papa
Nao seria supresa para mim se o novo Papa fosse um asiático ou africano. A Santa Madre sempre tem uma antena sensível para capturar sinais das minorias para agregar e consolar os fiéis e criar novos.
“…o casal era bem visto na comunidade e nunca se imaginou que algo parecido pudesse acontecer com aquela família”.
Estes relatos são comuns em caso de tragédias familiares, onde em 99% dos casos o pai, padrasto ou o amante rejeitado se vingam matando toda ou quase toda a família, inclusive crianças – filhos ou não do autor.
Vale o mesmo para serial killers, especialmente nos Estados Unidos. “Era quieto, bem educado, nunca foi violento”. É descrição comum depois da chacina feita.

Não sei, e duvido que alguém saiba com exatidão, o que faz uma pessoa cordata se transformar em monstro. O que se passa na cabeça destes caras é um mistério.
A única coisa que podemos revisitar é o passado deles, desde criança, relação com os pais, histórico de violência, familiar etc. Temo que a Humanidade tenha chegado ao ponto mais terrível da História.