Antes de Mário Soares tomar posse como presidente de Portugal, resolveu visitar novamente Porto Alegre, onde tinha muitos fãs e amigos pela proximidade do Partido Socialista português e o PDT. Foi recebido no aeroporto Salgado Filho por um grupo de pedetistas históricos.
Depois de trocar de roupa, partiram para a noite. Fizeram um périplo nas casas noturnas, sempre com a tchurma local pagando as despesas.
O fim de noite foi no templo da MPB, o Chão de Estrelas, na Cidade Baixa. Soares fez questão de pagar a despesa.
Antes da sobremesa, o português mostrava um ar de preocupação. Intrigado com a súbita mudança de humor, um do grupo conhecido pelos trambiques que aplicava, quis saber do motivo. Fica só entre nós, falou o gaúcho:
– Eu quero pagar a despesa. Mas, na correria, não consegui trocar dólares pela moeda de vocês – disse Mário na ingenuidade portuguesa.
– Ah, mas isso não é problema, presidente. Eu faço o câmbio – falou o porto-alegrense.
Depois que voltou para Portugal, sempre dizia que Porto Alegre era a única cidade do mundo onde o dólar valia menos que a moeda local.