Se você está decidido a alugar um carro, posso lhe dizer que é uma ótima opção mas, antes que você se anime a sair guiando, é bom que você leia isto, mesmo sabendo que você vai ouvir tudo novamente. Pelo retorno que tivemos, acho que são muitas as pessoas que pretendem ir até lá. É longe, mas para quem já está na Europa há passagens baratas e de Londres são 2:30hs. Quando viram a carteira de motorista brasileira, o Sr. fez o clássico “How!”que nunca soube exatamente se é uma surpresa, um elogio ou um cumprimento apache.
Primeira pergunta: Você já guiou no gelo? Sim, eu guiei. Ia dizer…na Europa ou Patagônia, mas ele foi mais rápido. No Brasil? No seu país só tem gelo no freezer, e já ouvi: “Sorry, i’m apologize for the silly joke answer.” Ou seja, não tem brincadeira, o assunto é sério. Disse ele algumas coisas, mais ou menos nessa ordem:
*Se tiver muito vento e você estiver no litoral, pare onde você se sentir protegido, trás de uma rocha, morro ou uma casa. A areia com vento tira a tinta do carro e mostrou a foto de carros claros com a frente ou a lateral cinza – cor do fundo, a tinta já era.
*Se começar a chover, diminua a marcha e preste atenção: se começar a cair chuva de pedra, pare imediatamente. Abra o capô do motor e a tampa do porta-malas, fixe um no outro com este elástico (se ficarem inclinados uns 45°, as pedras não o amassarão).
*A seguir, tire os tapetes do carro e coloque-os sobre o teto, e passe esses elásticos. Assim ele ficaria protegido das pedras.
Eu só não tive que ouvir mais conselhos úteis, é claro, porque neste momento chegaram os meus companheiros de viagem. Ele tem uns 2 metros e um cabelão louro que o faz parecer com Thor ou Odin, os deuses vikings, que é como eu penso que sejam, pois nunca vi nem nunca verei um. Nem precisou dizer que era norueguês e engenheiro, tudo mudou.
Fizemos uma locação mista. Nos pontos que precisávamos de um 4X4, trocaríamos o 4X2 por um com tração até no estepe. Quando fomos para o topo de uma geleira – que é a maior da Europa – é um programa de dia inteiro, onde se anda de trenó puxado a cães de scooter de neve. Se pode tentar skys ou raquetes nos pés e tudo mais de neve que você já ouviu falar.
O ponto era marcado por um entroncamento. Chegamos, conferimos, mas não vimos ninguém. Tudo branco. Nós, com um pouco de frio, e só a Kari, sempre ligada, estava ansiosa. Pegou o telefone; primeiro tinha sinal (ou seja, não era da mesma companhia que me atende na Lomba do Asseio. Aqui vivo correndo com o telefone na mão para ver onde tem sinal, ou seja, móvel aqui é o dono não o telefone).
Eu que moro num semiaberto urbano, como todos nós, raramente tenho sinal pela manhã. Ela explicou, etc, etc, e ele respondeu: “Você não está vendo um estacionamento a uns 200 metros?”, e continuou: “São nossos. Peguem um deles.” E a Kari respondeu: “Mas não tem ninguém”. E ele novamente: “Não faz mal, escolha um. Todos estão com a chave na ignição e tanque cheio.”
Esta foi a minha experiência pessoal. Não tivemos um só problema em lugar algum, muito pelo contrário, a viagem ou os contatos na cidade, foram extremamente prazerosos.