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O caso do ouro alemão

Sobre os otários que caem no golpe do “compro ouro velho”, há um antecedente. Nos anos 60, existia em Montenegro uma figura folclórica, o Jorge, que tinha como ofício, entre outras picaretagens, a venda de joias para os colonos do Vale do Caí. Ele percorria a colônia com seu Ford Modelo A e apresentava-se como especialista em ouro.

– É ouro alemão, legítimo – garantia, para depois cochichar no ouvido dos otários: – Um parente me trouxe, sem imposto, muito barato. É de qualidade superior ao ouro brasileiro.

E a colonada embarcava, porque a lábia do cara era impressionante. Claro que era uma mistureba braba de metais, o chamado “ouro de tolo”, mas o preço baixo e o brilho intenso convenciam a rapaziada.

Venda feita, o Jorge se escafedia, porque, em poucas semanas, o metal vestia luto. Daí que, prudentemente, ele não fazia o que hoje se chama de pós-venda. Só que um dia ele esqueceu desta regra de ouro e voltou ao local do crime.

Foi imediatamente cercado pelos compradores, que reclamavam da oxidação. Imperturbável, ele olhou as peças e partiu para o ataque.

– É, eu sabia que ouro alemão não ia se dar bem com o nosso clima.

Fosse hoje, ele ganharia algum prêmio de vendas.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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