Com um total de 1.871.979 tentativas de fraudes registradas no primeiro trimestre do ano, o setor de Bancos e Cartões é o segmento mais visado pelos golpistas no país. Os dados são do Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa Experian.
Cáspite! Quase dois milhões. Mas, pensando melhor, o apetite destes vigários gerais é maior onde mora o dinheiro. Ou então ganham na escala com aposentados, como qualquer venda de produtos de baixo valor.
Humildemente quero dizer que não sou banqueiro, mas eles também tentam me lograr. Falo da ligações que recebo todo santo dia, cerca de uma dúzia por dia. Devo ter cara ou nome de endinheirado para tanto interesse.

Pelo fato de ser jornalista experiente, farejo golpes a quilômetros de distância. Então, comigo não, seus patifes. Desenvolvi um sistema para identificar se é ligação normal ou golpe.
É um pouco complicado de explicar, mas os caras usam milhares de números comprados “no atacado” das operadoras. Então, não adianta bloquear. Disseram-me que existe, sim, como não receber, mas ainda não fiz o teste. Ocorre que eles têm um padrão de números usados, e sabendo disso nem atendo esses sacripantas.
No tempo da manivela
Até o início dos anos 1960, para pedir o número desejado para a telefonista, tinha que usar uma manivela acoplada ao telefone. Às vezes, ela atendia rapidamente. Às vezes, não.

Pior quando o número desejado estava ocupado. Você pode ver como funcionava em filmes dos anos 1940 e 1950.

Enfim, quero dizer que um simples – na época se dizia “uma” telefonema, nunca entendi – ligação podia atordoar sua cabeça. Imagine no mundo dos negócios.
Tudo era mais devagar, desde usar a máquina de escrever e o telefonema. Tudo em marcha-lenta. No entanto, era o que a casa oferecia.
Um telefonema de seis horas
Como sempre digo, espanto-me menos com a evolução tecnológica das comunicações e mais com a velocidade com que ela surge. Tá certo que estou na casa dos 80, mas lembro dos anos em que a telefonia operava com telefonistas que, não raro, levavam horas para completar a ligação.
Nas cidades pequenas, a telefonista era a pessoa mais informada. Isso porque podia escutar a conversa. Claro que falo de exceções.
Quanto ao tempo, uma historieta. Nos anos 1960, trabalhei num banco em Montenegro, as ligações para a matriz em Porto Alegre chegavam a levar horas, dependendo do dia da semana e mês. Mesmo quando fui promovido e vim para a matriz, uma ligação podia levar uma tarde inteira. Bendita privatização.

Nas ligações locais, antes do DDD, era comum o congestionamento das linhas tanto da empresa quanto da pessoa com quem se queria falar. Não dava linha.
O PABX é quem dava a linha, o sinal ininterrupto que liberava a discagem. Desenvolvi uma técnica para substituir os números do disco pelo mesmo número de toques no descanso do aparelho. Seis toques era o número 6. Às vezes funcionava, às vezes não. Mais não que sim.
Ou você corre com a boiada ou é atropelado por ela.
Pensamento do Dias