Eleições para prefeito em uma cidade de uma galáxia muito distante no século XX. Um doador anônimo contribuiu com cinquenta mil dólares terráqueos para o candidato a prefeito que despontava nas pesquisas.
Ainda havia comícios naquele tempo. Então, o tal doador, empresário de nomeada foi ao evento para aplaudir o candidato e lembra-lo do gentil oferecimento.
A cada duas ou três frases ditas pelo candidato, o público militante aplaudia ou levantava os braços, entusiasmados. Lá pelas tantas do jorro dos decibéis do candidato e no intervalo das palmas, o tal empresário levantou e abanou a mão direita com os cinco dedos bem separados com a mensagem criptografada de “eu dei cinquenta mil dólares, excelência, não esquece de mim!”.
A mão erguida enquanto as demais estavam abaixadas salientava-se mais que um vagalume em quarto escuro. Sem interromper a fala, o político que gesticulava como todos os colegas também levantou a mão direita de forma inocente.
Só que em vez dos cinco dedos de confirmação ele escamoteou dois, o anelar e o minguinho. Recado direto: só recebi 30 mil, que papo é esse?”
O diabo é saber quem ficou com os outros vinte. Devem ter se perdido na cadeia produtiva da doação.