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Como se faz um Centro em poucas semanas

Meninos eu vi da boca do próprio prefeito de Curitiba, Jaime Lerner. Em 1977 calhou de fazer um trabalho na capital paranaense. Entre os entrevistados estava o arquiteto, que em Porto Alegre projetou a Orla do Guaíba como área de lazer para os nativos.

Foto: José Fernando Ogura/SMCS

Certo dia, ele se pôs-se a pensar sobre as opções do curitibano, e a conclusão não foi nada boa. A cidade não tinha mar nem rio como Porto Alegre, então o remédio foi criar atrações. Reuniu seu secretariado e expôs a ideia. Teria que ter comércio, lazer e serviços de utilidade pública.

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Primeiras ações

A primeira providência exigida dos secretários do seu governo foi fechar a rua principal para o trânsito de automóveis. Em seguida, ofereceu benefícios fiscais para o comércio que investisse na área, de forma a atrair os passantes.

Iluminação pública de primeira categoria, policiamento, ônibus urbanos fabricados para este fim, com um só degrau. Além disso, um bonde desativado para pais deixarem as crianças enquanto faziam compras, um espaço fechado com pregos nas paredes para quem quisesse deixar um recado.

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Hoje, temos o SMS, mas na época não tinha nada disso. Assim como cabines telefônicas com fichas para ligações DDD, encontráveis em todas as lojas. O Paraná foi pioneiro nesta modalidade.

O prazo de Lerner

O então prefeito me contou que, após a reunião, os titulares das pastas envolvidas nessa transformação radical disseram que para fazer tudo bem feito precisavam no mínimo oito meses. Lerner deu prazo de quatro semanas.

E assim foi feito. Chama-se a isso vontade política e braço firme no comando.

Estoque baixo

Com a progressiva eliminação da vontade de ler, portanto de não ser curioso para ver como as coisas funcionam, a população em geral, executivos e formadores de opinião – eita coisa mais arrogante! – estão com estoque de palavras cada vez mais baixo. Então veio a criação de neologismos e de monstrengos vernaculares e repetição de gabolices.

Um dos primeiros foi “empoderamento”, depois vieram “resiliência”, “sextou”. Nos anos 1980, iniciava-se alguma explanação com “então…”, tipo botar os bois atrás da carroça.

O futuro?

Será por grunhidos e gestos, tal como no tempo em que nossos ancestrais ainda estavam nas cavernas (ou nos galhos das árvores). Hoje sabemos que as letras e na sucessão das palavras originaram-se nos dedos. Os grunhidos foram as vogais, largamente usados por jovens que aboliram as consoantes (óia o auê aí ó).

O alvorecer da mesmice

O primeiro sinal da macaquice foi utilizar expressões em inglês para colorir argumentos cujo equivalente em português não é sabido ou é mas os que assim falam acham que o inglês tem mais charme.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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