Voltou a moda de colecionar figurinha. Não sei se voltou também a “bater” figurinha dos meus tempos de piá.
Eu nunca tive lá muito saco para completar os álbuns. Até porque era público e notório que apenas alguns poucos felizardos chegavam lá. Mas um me encantou.

Foi minha estreia na cidade grande, a coleção de figurinhas das balas Ruth. Se não me falha a memória, duas eram difíceis, a casa de madeira, outra acho que era o peixe elétrico.
Nunca tive mãos largas, portanto em matéria de bater figurinhas eu era ruim. Lembro um cara que ganhava sempre. Era o maior da turma, o mais gordo, com mãos que eram do tamanho de uma tábua de pinho de serraria.
Esqueci o nome dele, mas não vem ao caso. Quando ele baixava aquela mãozona em concha sobre a figurinha da bala Ruth vinha a lajota da calçada junto mesmo que estivesse cimentada. Esse movimento era chamado de tabufa, que consistia em virar a figurinha, virar o jogo.
O assunto me veio à mente por causa das últimas ofensivas do governo federal para dizer que tudo está sob controle, que a economia nunca esteve tão bem e que os sucessivos escândalos são tudo mentira da mídia ou da oposição. Eu acho que o governo está querendo fazer tabufa. Só que não tem mão para isso.