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A rádio dos defuntos

Nos tempos em que a televisão ainda não tinha a mobilidade de hoje, o rádio marcava presença constante no que se passava nas ruas da cidade. E também fazia promoções para envolver a comunidade de preferência com patrocínios de empresas com foco na casa e na cozinha. Um deles era o “Feijão Alfredinho vai à sua casa”, da Rádio Farroupilha.

 O âncora era o radialista Rubens Pinto, que fazia as visitas que o nome do programa já esclarece usando o vozeirão em altos decibéis como era costume. A emissora pertencia ao poderoso grupo Diários e Emissoras Associadas, e ostentava orgulhosa o prefixo PRH2.

  Numa dessas incursões a residências sorteadas, vede de manhã a viatura da Farroupilha passou pela esquina da Venâncio Aires com Lima e Silva. Um grave acidente terminou com um pedestre morto, caído na rua. Pinto então narrou o acontecido com riqueza de dados e testemunhas.

De tarde, Rubens passou pelo mesmo local, e o falecido ainda estava caído de bruços na rua. Então Rubens Pinto empostou a voz revestida de gravidade que a sofisticação exigia e contou o causo como o causo foi. E finalizou:

   – E lá estava o cadáver, imóvel.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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