Amigo dos tempos de juventude, o montenegrino Ernesto Lauer fez um depoimento maravilhoso sobre como era a cidade na década de 1950.
“Nos anos 50 do século passado, os pés eram o maior meio de transporte ao se deslocar pela cidade. Eu saía da Ramiro para fazer compras no Armazém do Júlio Endres, na última quadra da João Pessoa, antes do rio.
Depois passava no açougue que ficava na José Luiz, depois da casa da Dona Deli Rosa Lima – onde ela mantinha o Cartório de Protestos e de Títulos e Documentos, do qual era titular, e antes do Posto de Gasolina da Wyllys. Era um prédio pequeno, mas muito bem abastecido de carnes.
Normalmente, comprava a carne “prá este dinheiro” e entregava, o que trazia enrolado ao açougueiro. A carne era barata; com CZ$100,00 – o salário mínimo era de CZ$2.400,00 – comprava-se carne para a semana inteira. Até dava pra comprar um pouco de carne de primeira, de fazer bife.
A comida naquele tempo era super barata. Evidente que não se tinha uma gama superlativa como hoje em dia. Era carne, arroz, feijão, batata, massa em pacotes, café, açúcar, sal, muita farinha de trigo e milho, além das schmiers e manteiga (estava sempre dura – tinha que se esquentar a faca para passar manteiga no pão).
O caro eram os calçados e, o fiado, no máximo duas vezes. O pessoal tinha que mandar fazer meia sola e salto, além de algumas costuras nos sapatos. Os masculinos ainda tinham biqueira – uma espécie de meia-lua de ferro, que era colocada na ponteira e no calcanhar do sapato, justamente para evitar o gasto da sola.”
Devo acrescentar que existia o “caderninho” para fregueses fiéis, as compras nos armazéns (vendas) podiam ser pagas no fim do mês.
