Um dos casos de galpão que sempre lembro é da traíra pescada pelo capataz de estância Pacheco, lá pelas bandas do distrito de Guassu-Boi, no Alegrete. Contou que, certa vez, pescou uma traíra com dente de ouro na sanga do fundo da propriedade.
Também o coronel Sarjob, pros lados de Cachoeira do Sul, contava várias histórias envolvendo animais. Certa feita, incomodado com as caturritas que devoravam o milho plantado na fazenda, resolveu dar a elas uma lição inesquecível. Depois de devastar o milharal, elas tiravam sesta em uma grande figueira centenária da propriedade.
O coronel, com ajuda de peões, besuntou todos os galhos com cola, depois cercou a árvore com uma rede. Em dado momento, disparou sua Winchester 44 e acordou as caturritas, que, em desespero, alçaram voo. Contava que, a quilômetros dali, os moradores ficaram espantados ao ver uma figueira centenária sendo arrastada por caturritas.
De outra feita, o nosso bom coronel da Guarda Nacional, dos Provisórios de 1923, matou com a mesma Winchester um lobisomem, cujo couro estaqueou no galpão para secar. Mas teria ficado com pena de matar uma “lobismulher com sete lobisominhos”.
Foi mais ou menos assim com seu Renato, que frequentava o restaurante Dona Maria sempre inventando histórias. Até foi ordenança do general Flores da Cunha quando tinha apenas 14 anos, e acertava uma determinada taquara a 90 metros com seu Smith Wesson 44.
Ele falava que Getulio Vargas não tomava decisões sem falar com ele. E, uma noite, até mandou seu piloto para pegá-lo com um DC-3 em Porto Alegre para reunião da Sumoc, o Banco Central na época. Certo dia, um senhor de cabelos brancos entrou, e, ao ver o doutor Renato, cumprimentou-o efusivamente. Virou-se para a roda da mesa 1.
– Vocês não vão acreditar, mas certa noite o doutor Getulio ordenou que fosse buscar o doutor Renato em Porto Alegre com o DC-3 do governo, para uma reunião importante na Sumoc. O doutor Getulio não fazia nada sem a opinião dele.