Certo dia dos anos 1970, a equipe de criação de uma agência de propaganda de Porto Alegre se reuniu para ver qual seria o apelo criativo de queima de estoque de um cliente do varejo. Os anúncios estáticos da TV, chamados tabletop, e as páginas dos jornais teriam que ter uma chamada forte. E, depois, ilustrações com os produtos e respectivos preços e condições de financiamento daquela época, início dos anos 1970.
– Liquidação ainda funciona – disse o redator. – Não tem muito que inventar.
– Que coisa mais bisonha – falou o dono da agência. – Vocês chamam isso de criativo?
– Remarcação é velho, mas para chamar atenção vale. Não muito que inventar, chefe.
O chefe virou uma arara.
– Qui…bobagem. É pra isso que eu te pago? – disse o patrão revirando os olhos.
– Promoção? – arriscou o tímido da equipe.
– Outro que só diz besteira – falou o diretor à beira de um colapso nervoso.
– Se o negócio é vender, não vejo como fugir de uma chamada forte usando este verbo ou derivado dele.
– Meu Deus – balbuciou a chefia.
Um filete de espuma escorria pelo canto da boca. Foi nesta hora que o último dos moicanos estalou os dedos.
– Que tal liquiremarcapromovendação?
Palmas gerais. O cliente adorou.