Estão na moda os guarda-chuvas grandalhões, especialmente os que não têm o cabo curvo como antigamente. Onde é que se pendura um guarda-chuva que tem cabo reto? Já sei, já sei. Por favor não coloquem progenitoras na conversa, piadistas primários.
Falo sério. Como as sereias que arrastam os marinheiros para o fundo do mar, fui torpemente seduzido pelos grandalhões. Maravilha aquele lona de circo me protegendo, verdade, mas sempre tem o outro lado da moeda. Você leva o morcegão molhado para o carro. Se botar no banco, molha o banco: se deixá-lo escorado, escorre água no banco e assoalho. Os pequenos, pelo menos no chão forrado com jornal.
Uma grande invenção, o jornal. Alguns são bons para embrulhar peixe, outros para manter quente a comida nas panelas, e nos colocados no seu pé-de-borracha absorvem toda a umidade e evitam mofo. Será que o Gutenberg pensou nisso quando fez seu invento?
Certa vez comprei um guarda-chuva italiano. Deve estar em algum canto do porta-malas. Custou uma nota. Era incrível, menor que os guarda-chuvas que camelôs vendem, só que mais gordinhos. Quando abertos, eram maiores que guarda-sol. Também fecham automaticamente. Quer dizer, recolhem aquelas abas, depois desse estágio você tem que comprimi-lo para encolher de vez. Neste processo você se molha todo. Mas tem mais.
Da primeira vez que acionei o mecanismo que recolhe o pano, não me dei conta que isso se dá com violência, a ponto de molhar até o cara que caminha no outro lado da rua. No caso, encharquei uma mulher e a criança que ela levava ao colo. Até o nenê me fuzilava com o olhar.
Claramente, foi tentativa de homicídio por afogamento.