Quando se fala que esta ou aquela região tem mais empreendedores que outra. Nada disso. Existem povos mais empreendedores que outros desde a antiguidade, enquanto outros não têm essa vocação. Os fenícios ficaram famosos por serem ótimos negociantes.
No Brasil, imigrantes italianos e alemães, especialmente os primeiros, conseguiram êxito em todos os estados onde se fixaram. São Paulo deve muito aos italianos por isto.

No Rio Grande do Sul, acontece o mesmo. Os imigrantes alemães também desenvolveram extraordinariamente as regiões onde se fixaram. Mas ainda acho que os gringos são mais, como direi, espertos.
O exemplo da Serra
Na Serra gaúcha, os moinhos d’água foram propulsores do progresso, porque além de moer grãos adicionavam uma polia para forjar primeiro utensílios para as lavouras e, mais tarde, para peças. Por isso que Caxias do Sul é um Polo Metalmecânico de primeira grandeza.

Assim como municípios vizinhos no qual se destaca Carlos Barbosa com a potência Tramontina. Em Farroupilha começaram os Grendene.
Meu nome é trabalho
Pulando 200 anos, eis um exemplo da vocação dos descendentes de italianos. Vide os municípios de Relvado e Nova Bréscia, com sua produção de churrasqueiros.
Nos anos 1990, várias famílias de Carlos Barbosa uniram-se para fazer compras em conjunto de insumos para os restaurantes de comida a quilo e bufês. Desta forma, baratearam muito os preços, pelo volume comprado.
No bairro onde moro, há uma família de gringos de Relvado que, em poucos anos, abriram três operações diferentes. Começaram com um restaurante, depois lancheria e estenderam seus domínios operando um estacionamento.

Devem ter outros negócios. Entretanto, eu não quis perguntar porque gringo é muito discreto e não gosta de ostentar.
A divisão do RS
Em comparação, a Metade Sul do Rio Grande do Sul não tem todo esse ímpeto. E não por culpa deles, mas pelo DNA original.
Na Fronteira Oeste é a mesma coisa. É uma questão de vocação. Não se trata de preguiça ou algo assemelhado. Eles possuem tendência para o setor de serviços.
Peguem os libaneses, que desde sempre foram ótimos comerciantes e por isso desenvolveram a cidade de São Paulo. Aqui mesmo, em Porto Alegre, o comércio de roupas e tecidos foi muito forte.
Lá e cá
Os libaneses vieram para o Brasil como mascates na década de 1930. Como o Líbano não era um país, entraram com passaporte turco. Então, eram chamados de “turquinhos”.
Salvador tinha muitos deles, o que é mostrado nos livros de Jorge Amado. Em todo o Nordeste percorriam o interior montados em mulas ou jegues oferecendo sedas, lenços finos e água de cheiro, perfume.
Nordestino gosta de quem sabe ganhar dinheiro. Ao contrário de outras regiões onde há forte inveja pelo sucesso dos outros.
O libanês e o publicitário
Em um dos livros de Jorge Amado, há um relato saboroso de um jovem publicitário que tentou vender uma campanha para um velho comerciante de Salvador, que não ficou nada convencido de que seria bom para ele. E deu o veredito.
– Moço, eu sou um velho alquebrado, e o senhor é jovem. Seu hálito rescende a acarajé e uísque, uma sábia mistura sem dúvida. Mas permita que eu lhe diga uma coisa: seu anúncio é uma bosta.
“A preguiça consiste em descansar antes da fadiga.“
Pensamento do Dias
Da série…
…ó que saudades que eu tenho. Do trem. Datada dos anos 1970, a foto mostra a Estação Ferroviária de Montenegro, quando era operada pela Rede Ferroviária Federal, a mesma que o governo de plantão entendeu de terminar com este importante modal de transporte de passageiros e carga. O Brasil tem o mau gosto de marchar para trás.

Imagem postada nas redes sociais por Ana Bernadete Pereira
Sem Palavras
