Anos 1990. Eu e o então vereador Luiz Fernando Záchia, presidente da colenda porto-alegrense, nos encontramos num evento qualquer em curso na sede da Associação Atlética Banco do Brasil, AABB. Entre um canapé e outro – que eu ainda chamo de salgadinho – o Záchia me contava que seus cabelos embranqueciam rápido demais.
– Não descarto tingi-los e até fiz testes com produtos americanos, alemães, caríssimos, mas que sempre deixam aquela cor de caju.
– É como mulher que faz plástica – concordei. – Mulher que faz plástica fica com cara de mulher que fez plástica.
Nisso adentra o recinto o veterano e aposentado zagueiro gremista Airton, o Pavilhão, então com 60 e tantos anos, cabelo mais negro que as asas da graúna. E obviamente tingido, mas parecendo perfeitamente natural. Záchia ficou espantado.
– Tu pinta o cabelo, Airton
– Claro, né vereador.
– E como é o nome desse produto importado?
Pavilhão passou a mão pela farta melena.
– Não lembro, mas não é importado coisa nenhuma. Compro do camelô que fica na boca da Galeria do Rosário.