Os herdeiros do arquiteto Oscar Niemeyer, falecido aos 103 anos de idade, estão brigando pela herança. Que é quase nula. Durante os últimos anos, segundo o UOL, Niemeyer pagava cerca de R$ 200 mil mensais de mesada a familiares até da terceira geração. Óbvio que, na casa que não tem pão, todos brigam e ninguém tem razão.
Há alguns anos, eu engraxava os sapatos, na Praça da Alfândega, quando o colega do meu engraxate contava um caso triste. Ele morava com o pai em um barraco no bairro Teresópolis. Mal e mal acomodava todo mundo. Um dia o pai morre.
Os filhos então pensaram em vender o humilde tugúrio para rachar os poucos caraminguás. Apareceu um interessado, que queria pagar, em valores de hoje, em torno de R$ 8 mil. Feito o rachid, dava R$ 2 mil para cada. É o que vida lhes oferecia, então melhor dois que nada. E deu nada. Quando a venda estava prestes a ser concretizada, apareceu um irmão de quem eles nunca tinham ouvido falar, mas cuja história era verossímil. Tiveram que dar a parte dele.
Causo contado, os dois ficaram quietos. O que engraxava os meus sapatos olhou para mim.
– O senhor ouviu, né, doutor? É pra ver que urubu não voa só em cima de defunto rico, urubu avoa também em cima dos defunto pobre…