Contei na página 3 do Jornal do Comércio o caso de um leitor que quis pagar antecipadamente uma conta que venceria dia 15 porque ia viajar. Com a greve dos bancários, não queria correr riscos. Para sua surpresa, a empresa não aceitou. “Só recebemos contas vencidas”, disse uma atendente com o indefectível aparelho ortodôntico brilhando mais que a estrela de Belém. Sugeriu que tentasse nos bancos ou pela internet.
Empresa que não quer receber dinheiro era novidade para mim. O que não é novidade é atendente não saber da greve. A internet, bem, todo mundo usa a internet, disseram ela e um bancário que comentou o meu comentário.
A internet. Eu me sinto como o último dos moicanos, título de um livro de James Fenimore Cooper sobre a extinção de uma tribo norte-americana, uma das obras que embalou minha juventude. Não, não vou chorar nem lamentar, apenas registro como eu e uma multidão nos sentimos.
O que eu lamento é o despreparo do universo dos e das atendentes, a turma que atende ao cliente e que deveria saber do negócio vende ou explica mais que o gerentão da área. Estamos fazendo tudo errado e a turma do meio é a prova. Mesma coisa dos produtores de rádio. Eles deveriam ser mais preparados que os comentaristas ou âncoras, um profissional pronto. O que fazem nossos ilustres gestores? Colocam estagiários.
A humanidade costumava dar dois passos para a frente e um para trás, a tentativa e erro. Hoje estamos dando dois para trás e, às vezes, nenhum para a frente. Dadas as circunstâncias e a educação miserável que proporcionam a esse povo, um empate já seria bom.