O Mandico era um funcionário aposentado do Banco do Brasil que possuía um dom de imitar sotaques de qualquer língua, especialmente quando judeu falava português e alemão falava português. O que lhe valeu olhares de esguelha do seu Gutterman, judeu alemão de idade avançada, que lembrava muito o personagem Habacuc do filme O Exército Brancaleone, nos almoços do Mesa Um do Restaurante Dona Maria. O comerciante chamava o dono, Ernesto Moser, de “Arnesto” com o RRR arranhado vindo lá do céu da boca.
Era um sujeito impagável. Uma espécie de Buster Keaton com a cara achatada. Não ria às gargalhadas, gargalhava por dentro. Fazia o gênero cara de pau, fingindo inocência nalguma malcriação com outrem. Em suma, era um pândego.
Nos anos 1950, em diante o noticioso mais famoso do Brasil era o Repórter Esso, cujo slogan era “O primeiro a dar as últimas”. Pois Mandico criou, acho que na Rádio Gaúcha, uma irreverência.
Deram-lhe um quadro humorístico que ele chamou de Repórter Osso. Eram tempos sisudos. Então o concorrente não gostou mas deixou por isso mesmo. Mas quando Mandico criou o slogan para o Repórter Osso, tiraram o quadro.
O slogan era: “Repórter Osso, o último a dar as primeiras”.