O fedelho era um diabo tão precoce que a professora chamou os pais e deu um ultimato: ou eles levavam o guri para um psicólogo ou ele seria expulso da escola. Bolinava as gurias, metia a mão nos peitos delas, juntou a mesada para pagar uma garota de programa, aventura que não se completou quando ela viu que ele era dente-de-leite.
Então levaram o piá para um vizinho metido a psicólogo. Na realidade, nem prático-licenciado era. Depois de muita conversa, resolveu curá-lo pela terapia das cores. Tirou um grande livro da prateleira, abriu a primeira página. Toda branca, não havia nem figura nem texto.
– O que o branco te sugere, meu filho?
– Uma noiva. Virgem mas com um tesão do peru. E eu ali, levantando o vestido, depois…
– Chega!
Abriu a segunda página. Toda em preto e nada mais.
– E preto, guri, o que te faz sentir?
– Que demais! Uma viúva, boa pra caramba, carente pra car…
– Para com isso! E esta outra página toda em verde, sugere o que seu moleque?
– Grama. Eu comendo minha priminha na grama, ela gemendo, pedindo que eu enfiasse o…
– Chega, seu bostinha. E esta outra página em azul?
– A piscina do tio Zeca. Quando viaja com a tia, deixa a empregada boazuda sozinha. Então eu a pego e convido para nadar pelado, aí ela topa, então eu…
O vizinho o encara por um longo tempo. Então fecha o livro com estrondo, joga-o no chão e termina com a sessão.
– Olha aqui, seu depravado, some daqui! Não tem jeito, seu ordinário! Vou falar pro teu pai que tu não tem conserto. Te manda!
É a vez do Joãozinho encará-lo. Então, ele aponta o livro no chão e fala:
– Tá certo, seu Zeca, eu vou. Mas o senhor pode me dar esse livrinho de putaria?