A ditadura do politicamente correto é coisa recente, certo? Não. Nos anos 1960 também era obrigatório ajoelhar nesse altar, inclusive com pontos de contato com o PC de hoje. Na época tudo que era bom, ótimo e genial era só fruto da esquerda, fosse livro, filme ou qualquer outra manifestação cultural e artística.
De vez em quando alguém dizia que o direitista empedernido Nelson Rodrigues não era lá tão ruim assim, mas sua inclinação à destra anulava o que tinha de bom. Se alguém não gostasse dos filmes-cabeça sem pé nem cabeça era execrado.
Havia uma solução intermediária para escapar do cutelo ideológico, como dizer “O filme é uma merda, mas o diretor é genial”. Aliás, dizia-se mais “genial” naquela época que “adrenalina” hoje em dia.
Hoje, conseguimos a proeza de ideologizar até árvores e comidas. O eucalipto é de direita, a figueira é de esquerda; o mocotó é da ultra direta, tomate seco é de esquerda, assim como a comida natureba em geral; bicicleta é de esquerda, carro é de direita. Sei não, mas de repente até o pé direto de uma casa vai ser considerado de esquerda.
E vocês achando que a Santa Inquisição é coisa do passado.