Um papagaio de bico vermelho, falante como só ele, estava jogando conversa fora de galho em galho das árvores da floresta. Neste dia em especial estava irritadíssimo porque um macaco muito esperto conseguiu bagunçar sua espécie no Conselho dos Bichos. Em certo momento do seu voo, viu uma preguiça subindo lentamente em uma árvore. Chegava a dar uma aflição de tão lenta que era. O papagaio a reconheceu de outros carnavais.
– Dona Preguiça, mas a senhora é muito devagar, credo! Parece que fica cada vez mais lenta.
– Pois seu papagaio, faz parte do meu DNA. É minha vocação ser lento. Qualquer predador me alcança – disse o desalentado bicho.
– Mas a senhora…
– Desculpa, eu sou senhor, sou macho. E se quer saber, macho pra caramba. Eu sou bicho preguiça. Mas o senhor dizia…
– Entendo, até usei muito a senho…senhor no passado. Papagaios em geral não montam, mas eu sim. Mas com todo o respeito, don…seu Preguiça.
– Preguiço, por favor.
– Pois acho que vou ter que montar na senhora…desculpa, no senhor novamente. Desculpa, mas está no meu DNA, seu Preguiço – mas isso tá chato. A senhora não tem um nome do meio ou apelido para evitar essa coisa de gênero tão na moda?
– Tenhooooo sim – falou o animal, com a voz sumindo porque escorregou pela árvore até o chão. E lá de baixo ele berrou.
– Pode me chamar de Povo.