Véspera do Ano Novo, anos 1970. O Arquimedes recebe uma ordem conjugal, que ele providenciasse um leitão de Reveillon já pronto, com toda a guarnição, sarrabulho e especiarias diversas. Leitão completo, incluindo uma maçã na boca. Foi no famoso restaurante Treviso, no Mercado Público, e fez o pedido direto para o Carlinhos, um dos dois donos.
No Ano-Novo, o Arquimedes – que um gaiato insistia em pronunciar Arquímedes – foi lá pegar o leitão. Estava bonito pra caramba. Pagou com cheque pré-datado. Dias depois, ele voltou ao Treviso e pediu um particular com o proprietário.
– Carlinhos, não sei nem como te dizer isso, de tantos anos que a gente se conhece. Mas…mas o leitão não estava bom!
O Carlinhos nem piscou. Pegou um pano e o esfregou no balcão.
– Arquimedes, não sei nem como te dizer isso, de tantos anos que a gente se conhece. Mas…mas o teu cheque também não estava bom.