A cada segundo, morrem 1,8 pessoas e nascem 4,2, segundo dados recentes. Não tem como o planeta Terra aguentar o tranco.
Quem tem mais de 60 anos deve se lembrar do hino da Seleção Canarinho na Copa do Mundo de 1972 “noventa milhões em ação”. Em 1950, a população brasileira era de 52 milhões. Deu para sentir o salto?
O Poema das Sete Faces
Mundo, mundo, vasto mundo
Se eu me chamasse Raimundo
Seria uma rima,
não seria uma solução
Assim escreveu o poeta Carlos Drummond de Andrade. Ainda estamos nos recuperando da pandemia. E, agora, vem um mosquito de pijama carregando no seu bojo uma arma de destruição em massa, a dengue.
Porto Alegre já foi dominada pelo inseto da morte, também responsável pela febre amarela urbana. Duas versões para o bombardeiro da morte para a febre amarela silvestre, Haemagogus e o Sabethes.
Na malária, nosso inimigo desde o milênio passado, o vetor é o mosquito anofelino, também conhecido como carapanã, muriçoca, sovela, mosquito-prego e bicuda.
Quer dizer simplesmente que nossos maiores inimigos são seres teoricamente insignificantes. Mas só na aparência.
Quando eu era adolescente, ficava impressionado com os relatos da febre amarela em regiões úmidas e quentes. Livros e mais livros “de aventura” descreviam os sintomas que iam e voltavam, dependendo do grau de gravidade. Às vezes, febrões por toda vida.
A Grande Peste
Sabemos das pestes que dizimavam populações inteiras na Idade Média, antes e depois dela. Os poucos que sobreviviam ficavam com a face marcada por sulcos e buracos, dando a ele uma aparência desagradável de se ver.
Pois também a peste foi obra de um ser insignificante, a pulga do rato. Mas ninguém sabia disso. Então, a doença era atribuída ao demônio ou castigo de Deus pelos pecados cometidos.
A doença que aterrorizava
Nos meus tempos de adolescência, o medo era pegar a lepra, como a hanseníase então era chamada. Vem dos tempos bíblicos a ação da bactéria Mycobacterium leprae.
Pegava-se apenas pelo contato segundo a crendice popular, o que é totalmente falso. A transmissão é difícil.
Como “lepra” era o demônio em pessoa, custou a chamá-la por hanseníase. Na Zona Sul de Porto Alegre, havia o Leprosário Itapuã, em cujo pórtico de entrada havia a inscrição “Nós não caminhamos sós”.
O que nos impressionava era que os infectados tinham ausência de dor. Então, a maioria tinha dedos queimados ou esmagados por trabalhos manuais corriqueiros, porque a dor serve de alerta que a hanseníase ocultava.
Foi um dos meus grandes medos da adolescência. Então, todas as pragas são causadas por seres insignificantes e até invisíveis a olho nu. Por isso mesmo são difíceis de exterminar.
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