Pulando de uma árvore para outra, o Macaco acabou em uma que ficava bem em cima de um quintal. Abaixo, um Galo e seu harém de galinhas comiam frutas variadas jogadas pelo dono. Valendo-se da distração das aves, ia pegar uma banana, mas mal e mal conseguiu pegar um ovo, tal o alarido dos galináceos, a essa altura de prontidão total. Mas ovo, o que eu faço com um ovo? – pensou ele. Teve uma ideia.
– Seu Galo, posso comer umas frutas do seu almoço?
O Galo olhou feio para cima.
– Mas de jeito nenhum! Você não é um dos nossos.
– Claro que sou, tenho gens recessivos de galinha.
E pôs-se a cocoricar sem nenhum sotaque. O Galo teve que admirar a esperteza, mas restavam dúvidas.
– E cadê as asas?
O Macaco dobrou os braços e pernas de tal forma que de longe dava a impressão de asas abertas.
– Que tal essa, seu Galo?
O Galo não queria entregar os pontos.
– Mas você não bota ovo.
– Como que não? Veja com seus próprios olhos.
Então pegou o ovo colhido e o engoliu rapidamente. Em seguida tentou expeli-lo, mas a natureza não lhe deu essa moleza. Suando, com as veias do pescoço saltando, nada de o ovo sair por mais força que fizesse, ficou no meio do caminho.
– Viu só? Você canta como uma galinha, parece que tem asas como uma galinha, mas o seu ovo não sai do fiofó. Que merda de galinha fajuta! E não desce aqui que te encho de bicadas.
E lá ficou o Macaco com o ovo entalado no rabo. Não saía nem entrava. Moral da história: cada macaco no seu galho.