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O Galo e o Macaco

Pulando de uma árvore para outra, o Macaco acabou em uma que ficava bem em cima de um quintal. Abaixo, um Galo e seu harém de galinhas comiam frutas variadas jogadas pelo dono. Valendo-se da distração das aves, ia pegar uma banana, mas mal e mal conseguiu pegar um ovo, tal o alarido dos galináceos, a essa altura de prontidão total. Mas ovo, o que eu faço com um ovo? – pensou ele. Teve uma ideia.

– Seu Galo, posso comer umas frutas do seu almoço?

O Galo olhou feio para cima.

– Mas de jeito nenhum! Você não é um dos nossos.

– Claro que sou, tenho gens recessivos de galinha.

E pôs-se a cocoricar sem nenhum sotaque. O Galo teve que admirar a esperteza, mas restavam dúvidas.

– E cadê as asas?

O Macaco dobrou os braços e pernas de tal forma que de longe dava a impressão de asas abertas.

– Que tal essa, seu Galo?

O Galo não queria entregar os pontos.

– Mas você não bota ovo.

– Como que não? Veja com seus próprios olhos.

Então pegou o ovo colhido e o engoliu rapidamente. Em seguida tentou expeli-lo, mas a natureza não lhe deu essa moleza. Suando, com as veias do pescoço saltando, nada de o ovo sair por mais força que fizesse, ficou no meio do caminho.

– Viu só? Você canta como uma galinha, parece que tem asas como uma galinha, mas o seu ovo não sai do fiofó. Que merda de galinha fajuta! E não desce aqui que te encho de bicadas.

E lá ficou o Macaco com o ovo entalado no rabo. Não saía nem entrava. Moral da história: cada macaco no seu galho.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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