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O farnel

Sobre o A Vida de hoje, das longas e prazerosas viagens de São Vendelino para Tramandaí nos anos 1950, o leitor e irmão Gilberto Jasper conta como era no tempo dele vindo de Arroio do Meio – é bem mais novo ou menos velho que eu.

“Fazíamos algo muito parecido em termos de “excursão” à praia. Parávamos sob uma ponte seca, acho que lá pelas bandas de Esteio. Minha mãe sacava uma sacola com sandubas de linguiça cortada como salamito e uma garrafa térmica com café. A tampa da garrafa se usava como copo, lembra? Era uma jornada e tanto, agravada pelo fato do meu pai odiar fazer paradas pro xixi. Praticamente íamos direto até Tramandaí”.

No meu tempo de criança não existia térmica. Embora meu pai não fosse colono – era comerciante. Era mais ou menos o mesmo farnel que eles levavam para a roça, só que com pão, chimia, kesschmier e um pedaço de linguiça.

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Às vezes eu ia para a roça com o velho Ignácio “Notz” Schneider e filhos e filmava o frischtick dele, claro que com o consentimento dele. Quando recordo, salivo.

A galinha que não morria

Outro leitor e amigo, Ruy Walberto Simon, recorda como se prepara galinha com farofa para durar até dois dias fora da geladeira, praticamente inexistente nas colônias alemãs.

“Lembro que o frango era frito em pouco óleo (ou banha) e quando estava pronto, colocava-se então a farinha de mandioca e mexia-se até a farinha aderir por completo, cobrindo tudo! Bons tempos!”

O detalhe fundamental era o uso da banha de porco, demonizada e hoje reabilitada. Dá de goleada nesses óleos vegetais. Experimente cozinhar ou peça para a frau fazer uma refeição com ela.

https://cnabrasil.org.br/senar

Porque me ufano do meu país (*)

São Vendelino, terra onde nasci, vai ter um polo naval, o quarto do estado e o segundo maior. Só perde para o de Rio Grande. Vai ser na beira do arroio Forromeco.

A Petrobras já manifestou interesse na construção de plataformas para extrair petróleo do pré-sal, tecnologia de águas profundas que só nós possuímos. Também estamos concluindo o edital de licitação para a construção de um aeroporto internacional, com pista de 3,8 Km. Por favor, não me ofendam com piadinhas tipo “atravessaria todo o município”.

Para não dizer que tudo são flores em SV, aumentam os relatos de que foram avistados tubarões (de água doce, uma espécie mutante). Talvez eles tenham sido atraídos pelos pequenos lambaris de 30 centímetros do Forromeco. Quando falo em 30 centímetros, não se trata do comprimento e sim da distância entre os olhos do peixinho, o menor que nada no nosso arroio.

(*) À moda do poeta Afonso Celso (1860-1938).

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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