São vários os motivos para que a profissão de jornalista seja muito procurada. Entre eles, a crença de que a profissão propicia viagens, contatos interessantes com pessoas idem e um bom salário. Bom não, alto.
É, de fato uma profissão diferenciada. Mas há muita lenda em torno do seu fascínio. Para começar, bons salários só em 5% da categoria, se tanto. A maioria mata cachorro a grito.
Mas já foi diferente. Até os anos 1960, por incrível que possa parecer, jornalista não pagava Imposto de Renda e tinha abatimento de 50% nas passagens aéreas, cortesia feita com chapéu alheio pelo presidente Getúlio Vargas.
O que hoje escandalizaria a opinião pública, à época era normal. Exemplo: logo após a Legalidade, em 1961, jornalistas engajados na causa de Leonel Brizola achavam que tinham direito a um prêmio.
Pensa daqui, pensa dali, um dos revolucionários teve a luminosa ideia de pedir ao governo que conseguisse com o BNDE, hoje, BNDES, financiamento para comprar carros DKW, cuja montadora brasileira (Vemag) era financiada pelo banco de fomento.
Conseguiram não só o financiamento em 25 meses, a juros de pai para filho, como a Vemag cobrou apenas o preço de custo. Ou seja, metade ou menos do valor de mercado, para desespero da revenda de Porto Alegre.
Foram 15 os felizardos jornalistas que ganharam o carrinho, que à época era bem mais caro que um Fusca, que já não era barato. A mordomia foi tanta que um dos jornalistas foi encarregado de ir a São Paulo escolher as cores. Muita gente boa entrou nessa lista de privilegiados, como me contou o falecido jornalista Jayme Keunecke, o JK. Que levou um.