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O desaparecimento do capricho

Mesmo pobres, elas se arrumavam direitinho e sabiam combinar as roupas. Antes de sair de casa rumo ao emprego ou ao colégio, olhavam-se repetidas vezes no espelho. E ficavam satisfeitas com o que viam.

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Assim que ganhavam as ruas e se dirigiam para as paradas de ônibus, a rapaziada da vila assobiava ou gritava alguma molecagem. E assim levavam a vida, torcendo para arrumar um marido com um bom emprego ou lutar para entrar em uma faculdade.

Como sardinha em lata

Isso foi há muito tempo atrás, em Porto Alegre. Hoje, parte das mesmas adolescentes e jovens estão estufadas, cheias de gordura adquirida com as comidas-porcaria, mal cabendo nos jeans propositadamente comprados dois ou três números menores que o necessário. Ser obeso é bonito, dizem se olhando no espelho.

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Boa parte também perdeu mais que o senso estético, perdeu a estética musical. Decoram músicas com versos paupérrimos e sem melodia, enquanto digitam nos celulares explodindo chiclete na boca.

O enterro do passado

O que houve com o Brasil de 20, 30 anos para cá? Por que as meninas cultivam a gordura? Por que não sabem mais combinar as roupas como antes, limitando-se a copiar ídolos musicais ou gente rica e que desfila suas pobreza intelectual nos clipes e Instagram e nas redes sociais? Por que num vapt-vupt Brasil pobre, mas limpinho e bonito sumiu de uma hora para outra?

O mau exemplo americano

Há uns 15 anos, vi um grupo de americanos negros descendo de um ônibus de excursão em Los Cabos, México, onde eu estava para o lançamento da Zafira da GM. Chamou minha atenção o fato de que todos, mas todos mesmo, eram obesos. A maioria chegando à obesidade mórbida.

No entanto, estavam alegres. O guia que nos acompanhava explicou que os Estados Unidos enfrentam uma epidemia de obesidade, e crescendo. “Tomara que não chegue aqui”, pensei.

E aqui chegamos

Infelizmente chegou. E pelas mesmas causas. Entopem-se de fast food, estimuladas pelas mães, igualmente obesas, ocupadas em ganhar o salário mínio que seja trabalhando fora. Nos EUA sei que as autoridades da saúde pública estão preocupadas, tratam a obesidade como epidemia. Aqui, parece que estão nem aí.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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