Abril de 1964. O Dops prendeu um sindicalista ferroviário da antiga estatal Viação Férrea do RGS. O homem era um dos maiores ativistas pró-Brizola, um subversivo como se dizia na época. A cana pegou ele em Montenegro e o levou para interrogatório do 19º Regimento de Infantaria de São Leopoldo. Perguntaram sobre o Grupo dos Onze, grupo guerrilheiro que Leonel Brizola estava montando.
– Brizola? Quem é Brizola? Ouvi falar dele, mas…o que tenho eu com isso? – falou o atemorizado ferroviário.
O policial não queria acreditar no que ouvia. Até tatu mulita enterrado no chão sabia quem era o ex-governador, como é que esse cabra tenta enrolar desse jeito.
– Nunca vi, juro!
Sabemos que quem jura admite. Mas como inquérito é inquérito, mostram pra ele uma foto 18x24cm em que Brizola perorava em um comício, montado no palanque. Pouco atrás, lá esteva o inocente. Um oficial apontou o dedo para a foto.
– Ah é, é? E esse aqui quem é?
– Ora quem! Sou eu, não tá vendo?
– Tu é muito do mentiroso. Estou falando do cara na tua frente, o Brizola!
O detido fingiu surpresa.
– Então esse que é o Brizola? Vige Nossa Senhora! Fosse uma cobra tinha me mordido!