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Medo

O medo é uma centopeia, com muitos medos caminhantes. Desde o início dos tempos, o Homem vivia nas cavernas ou se protegia subindo em árvores altas por medo de predadores, medo da escuridão, medo de outros humanos, medo da chuva, medo do raio.

Por isso, a Humanidade começou a se armar. Primeiro com lanças e tacapes improvisados e, depois, com arco e flecha. Quem tinha o melhor equipamento usava para guerrear contra outros humanos.

Com o passar dos séculos, o Homem inventou formas para domar o medo. Construindo abrigos mais sólidos em cavernas e reentrâncias de morros.

Dali veio também o medo da falta de alimentos. Então estocava o que não era perecível.

Com a descoberta do sal, soube que ele retarda a putrefação da carne, por exemplo. O sal, ou cloreto de sódio, era tão importante que era como dinheiro vivo. Dele vem a expressão do salário, do latim do tempo dos romanos.

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Por mais que o Homem se protegesse não só dos inimigos, mas também da inclemência do tempo, o medo nunca o abandonou. Quando surgiu a energia elétrica e, com ela, o conforto dos eletrodomésticos, especialmente das geladeiras, esse temor de comida perecível levou ao medo da falta de energia elétrica.

Com o tempo, os medos começaram a dar filhotes. Medo da guerra, medo da violência, entre outros.

Mas o medo da fome e da falta de abrigo nunca o abandonou. Temos medo tanto da seca quanto da chuva em exagero. E, via de consequência, temos medo da falta de energia, de alimentos e de água.

Em comparação com os medos ancestrais, hoje eles se multiplicaram. Quem não tem medo de ser assaltado? Quem não teme o desemprego, o salário baixo, a velhice sem dinheiro, a doença, a fila no SUS e de não poder pagar mais o plano de saúde, medo do trânsito, medo dos organismos do governo como a Receita Federal?

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Temos medo das gangues, das facções, do tráfico. De tal forma que nossas casas e apartamentos são cercados e dispostos de tal forma que parecem as cavernas dos primórdios, não é mesmo?

Para os gaúchos em especial, surgiram dois novos fantasmas, da seca e da enchente. Ponha-se no lugar de quem perdeu tudo na enchente de setembro de 2023 e agora vê tudo ir águas abaixo de novo.

Uma das perninhas da centopeia evoluiu do medo para a condição de desespero. Como um pesadelo recorrente, só que real. Penso que o avanço da depressão se deve em parte a isso.

Na sexta-feira, fui ao Centro Histórico de Porto Alegre, antes da água invadir as ruas. O que mais vi foi medo.

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Meu habitual cafezinho no Mercado Público teve que ser transferido para uma cafeteria na Galeria Chaves. Mal pedi o café e a gerente correu à minha mesa para avisar que iam fechar porque a água já tinha chegado no Mercado Público. Não tinha, mas o medo no seu rosto era mais transparente que água mineral sem bolinhas.

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Prazos processuais

A OAB/RS requereu aos tribunais do estado e aos demais órgãos públicos a ampliação da suspensão dos prazos processuais, das audiências, das sessões de julgamento e dos demais atos judiciais no âmbito de 1º e 2º graus até a próxima sexta-feira (10).
Abraço, 

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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