Tenho abordado, na minha coluna do Jornal do Comércio, a questão dos preços de Gramado, cuja hotelaria se ressente da falta de reservas. O prefeito Nestor Tissot culpa as obras dos dois viadutos na BR-116, em São Leopoldo e Nova Petrópolis. Além do alto custo das passagens aéreas.
Passou ao largo do xis do problema, da loucura que tomou conta da Serra das Hortênsias. A resposta dos leitores foi de plena concordância com minha posição.
De alguns anos para cá, a cidade pensa que está na Quinta Avenida de Nova Iorque. Seja nas diárias, seja nos restaurantes e serviços.
Sem noção
Além do mais, até meados de 2000, uma das atrações de Gramado era um certo ar bucólico, herdado do tempo em que turistas locais e estrangeiros lá iam para ter conforto e visão de campo, vamos dizer assim. Algo como “meu amor e uma cabana”, mas com todo conforto.
Pousadas com quartos aconchegantes, cafés da manhã fartos. Até mesmo os grandes hotéis buscavam dar esse toque charmoso.
De uma hora para outra, decuplicou o número de hotéis. Maioria sem identidade cultural com a região, tirando as fachadas e hall de entrada, firulas para enganar turistas. Mas as diárias…
Parque de diversões
Ao mesmo tempo, vieram os parques temáticos com investimentos de centenas de milhões de reais alegados. E a cidade virou um grande parque de diversões, com entradas à altura dessa megalomania.
O dinheiro não se multiplica. Então, se vocês comprarem a entrada para a família, esse dinheiro vai fazer falta em outra operação. Não há bolso que aguente.
Anemia de grandeza
Observem que, até mesmo eventos temáticos, como o Natal Luz, ficam anêmicos. Nos restaurantes, é aquela coisa. Devem achar que somos todos Elon Musk do Twitter.
Ontem, um empresário me ligou para contar seu caso. Ofereceram para ele um apartamento por R$ 600 mil o metro quadrado. Uma insanidade.
Foi a um restaurante comer fondue e cobraram R$ 250 reais. Vê se pode. E quiseram cobrar R$ 13 mil por um vinho argentino.
Gosto é gosto. Mas cá pra nós, fondue é a comida que nós fazemos e pagamos para o dono nos cobrar de novo.
Ai que loucura!
Como escreveu a socialite carioca Narcisa Tamborindeguy. Não é só na Serra, essa sensação que todo mundo está ficando louco é geral para quem não loqueou.