Consiste no seguinte: se você jogar uma lagartixa na água fervente ela pula fora mal sente o calor. Mas se ela for jogada na água fria que em seguida é aquecida aos poucos, a lagartixa morrerá queimada. Diluído no tempo, nos acostumamos com tudo.
O jornalista Fernando Lara Mesquita escreveu artigo no Estadão em que faz uma contabilidade macabra. Desde a 129ª vítima que morreu no Bataclan, 1.543 brasileiros morreram crivados de balas. A média de 2014 foi de 56.337 homens mulheres e crianças assassinadas.
Não estou querendo dizer que os números do terror na França tenham que ser relativizados, pelo amor de Deus. O que estou dizendo é que a lagartixa aqui foi jogada na água fria e a francesa, na água fervente.
É como nas estatísticas. Quando algum ministro mais corajoso disse ao ditador comunista Josef Stálin que a imprensa mundial estava fazendo um escândalo com os 20 milhões que ele mandou matar ao vivo ou a cores nos campos de concentração, o Czar do Kremlin deu de ombros e respondeu que cem mortes era uma tragédia, mas que 20 milhões era apenas uma estatística.
Assim é o mundo. No futuro, seremos todos meros números.