Não existe nada mais deprimente e frustrante que o repique de uma tragédia. As águas tinham baixado, os desalojados voltavam para suas casas e eis que – em um dia – choveu mais do que um mês inteiro em Porto Alegre e na Região Metropolitana.
O êxodo
Boa parte dos gaúchos quer mudar de cidade. Outra parte quer ir embora. Futuro sombrio, com 90% das Indústrias afetadas, comércio em pandarecos, Muita gente sem emprego porque o patrão perdeu tudo, como ela. Quero ser otimista. Mas é como ligar um carro, e o motor morrer em seguida.
Mais um
O jornalista fotográfico Ricardo Chaves, o Kadão, deixou o jornal Zero Hora, empresa onde trabalhava desde 1992, como editor de Fotografia. Colunista do Almanaque Gaúcho, o último material do profissional foi publicado na sexta-feira, 3 de maio. Embora a conversa para a despedida tenha partido da empresa, a decisão foi tomada em comum acordo.
É uma grande perda. Nas suas páginas, registrava e resgatava fatos e imagens históricas que tinha grande número de leitores.
Não sei os motivos porque a ZH o demitiu. Mas é triste para mim constatar que a experiente velha guarda tenha sido obrigada a botar pijama. Sou um dos poucos, talvez o único, colunista veterano de jornal impresso em atividade.
Nuvens pesadas
Pairam no horizonte do jornalismo de Porto Alegre. Quando comecei, em 1968, a capital tinha sete jornais impressos diários, fora os semanais.
Hoje, temos quatro e um é apenas digital. É provável que, no médio prazo, mais um pelo menos só mantenha a versão digital. Vocês vão dizer que ainda temos o online, que todo mundo pode ler porque a assinatura é barata. Só que não.
O leitor atual – salvo os realmente interessados – não quer pagar nada. E essa história que o número de acessos é na casa de milhões tem um grande porém. Estudo do Google feito após a pandemia mostrou que o tempo médio em que o internauta fica na tela é de apenas 6,8 segundos, sempre alertando que é tempo MÉDIO. Pode ter mudado um pouco.
Quer dizer que, se não tem uma minhoca gorda no anzol da capa, ele cai fora. Significa que é necessário ter bons jornalistas nas redações.
Lamento, mas como em outras profissões, a qualidade caiu barbaridade. E o grosso ganha muito mal. Não é apenas mal, é muito mal.
Os crédulos
Gente grande, gente bem instruída, cai como um patinho nos mais toscos vídeos e imagens que até um adolescente veria que são montagens ou tirados de outros contextos. Pior, compartilha nos grupos, que compartilham com outros grupos e assim a roda de falsidades gira.
Quanto mais inverossímil, mais eles acreditam. Não tem como impedir essa avalanche.
“Tudo que sobe…pode subir mais ainda.”
Pensamento do Dias