Logo que arranchei de vez em Porto Alegre, dividia apartamento com amigos no edifício Bagé, na Barros Cassal. No número 36 da Cristóvão Colombo, ali pertinho, havia um pequeno e maravilhoso bar, o Bob’s, do seu Roberto. Tinha o melhor croquete de peixe e a melhor torrada que comi na minha vida, categoria “Como esses nunca mais”.
O garçom Creso vendia cigarros americanos, giletes inglesas e desodorantes franceses aos fregueses. Saía do sério quando eu o chamava de “Creso em Cruz Ave Maria”. Logo ele, que carregava o nome do poderoso rei da Lídia na Grécia antiga vendendo bagulho.
Anos mais tarde, o Bob’s fechou de vez e deu lugar à boate do Isidoro. Certa noite, um grupo saiu do Chalé da Praça XV e aproou o Isidoro. Quando o porteiro abriu a porta, uma bela música ao vivo flutuou para a rua.
Empolgado e mais alto que o Everest perdendo para a lei da gravidade, estreitou os olhos, o Sérgio Durão botou as mãos em concha na boca e gritou alto em bom som:
– Champanhe para a orquestra!
Fez uma baita economia. A “orquestra” era apenas um cantor e seu violão.