Um mineiro dos bão estava de olho na comadre há um bocado de tempo. Então quando o compadre foi viajar ele foi em cima da mirada, a pretexto de ver se ela não carecia de alguma coisa. Sabem como é a solidariedade na gente simples do interior.
Quando chegou no ranchinho, viu que a mulher estava de costas, curvada, com o vestido arregaçado para colher alguma verdura. Ao vê-la nessa posição, o visitante ficou em situação de cenoura. Das grandes.
Depois de admirar a paisagem por algum tempo, ele bateu palmas, forma de se anunciar nas interioridades. Ela se ergueu para ver quem era. Abriu um largo sorriso.
– Oi cumpade, é ocê! Num tinha lhe visto.
– Pois é, passei assim de relancina e vim aqui ver se minha amiga percisava alguma coisa.
Ela o convidou para entrar e ficaram ambos meio sem jeito depois que os olhares ficaram um tiquinho de tempo a mais que o normal em uma visita. Ele olhou para o céu.
– Será que chove?
– Pois é, né, nunca se sabe…
Seguiu-se um breve silêncio. Mas a coragem veio em seguida, saltitante.
– Comadre…eu estava pensando…. diga uma coisa: vamos para a cama ou tomamos um café?
– Ah, compadre, cê me pegou sem pó…