O telejornal Câmera 10, na TV Difusora de Porto Alegre, hoje Bandeirantes, foi pioneiro no Brasil em formato, número de participantes e pautas diferenciadas. O ápice foi nos anos 1970.
Os outros mantinham um formato rígido, imutável, com dois apresentadores sentados de terno e gravata escoando informações com rostos impassíveis e corpos rígidos fosse qual fosse o assunto. No Câmera 10, dava gosto de assistir aos apresentadores e comentaristas, com toques de humor e ironia até então ausentes na concorrência gaúcha e nacional.
Crianças, eu vi. Até hoje o formato é atual.
Abrir jornais gaúchos é ler, quase todo santo dia, notícias, chamadas de capa e até manchetes envolvendo o funcionalismo público, seus concursos e reivindicações. O último dado oficial é que havia um para cada 23 habitantes no Estado e um para 16 em Porto Alegre. Nos jornais do Brasil, o funcionalismo público não tem esse status, mas há um porém.
Fizeram força, mas…
Sai o funcionalismo público e entra Brasília como um todo. Por algum motivo o noticiário depende em cerca de 80%, em destaque, do que vem de lá. Depois entram os Estados e seus governos. Em feriados e feriadões, os jornais procuram assunto desesperadamente.
Pode parecer que é natural, mas não é, digo eu. Nos anos 1990, o Estadão decidiu não dar tanto destaque para Brasília e seus frutos. Mas, depois de algum tempo, teve que se render.
O diferencial de Porto Alegre
Eu tenho uma tese, que basicamente é a falta de pautas extra- Brasília, assuntos importantes que rolam, mas devido à magreza das redações e o custo, as direções (e redações) optam pelo comodismo. Mas já foi diferente, muito diferente no Rio Grande do Sul.
A partir do final do anos 1960 até a década de 1980, os jornais mais importantes de Porto Alegre mantinham as centrais do interior. Inclusive com reação própria em algumas regiões.
Quem organizou estas centrais foi o então jornalista Antonio Brito, pela Caldas Júnior, no que foi seguido pela Zero Hora. Por isso os veículos eram melhores que hoje, muito melhores.
Hoje estas centrais se resumem em cobrir as cidades maiores. O interior dos interiores fica sem cobertura.
A fórmula
Eu até tenho a fórmula para cobrir todo o Estado, incluindo jornais digitais, de forma barata, quase zero. Mas estou cansado de dar ideias que outros aproveitam e eu fico chupando dedo. Claro, com a internet e redes sociais ficou mais fácil. Entretanto, histórias e relatos realmente bons escapam da web.