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A vida no internato

Quando eu tinha 16 anos, meus pais me mandaram para o internato do Colégio São Jacó, em Novo Hamburgo, bairro Hamburgo Velho (RS), hoje sede da universidade Feevale. Internato é internato, é como prisão. Não adianta luxo na cela.

Como eram tristes aqueles dias, para usar uma frase de Lotte, mulher de Stefan Zweig. A cada duas semanas e com expressa autorização dos pais, você fazia uma maratona usando três ônibus pinga-pinga para chegar, no meu caso, a Montenegro. Saía no sábado às 10h e domingo de noite tinha que estar lá antes das 19h.

Domingo eu já amanhecia triste. Minha mãe colocava uma lata de leite condensado Moça (Viva a Nestlé, que Deus lhe dê longa vida!) aquecida em banho-maria até virar dulce de leche. Nem o Santo Graal era tão guardado quanto aquele lata, a escondia entre meus trastes.

Todo santo dia eu comia uma colherinha pequena daquela delícia, que levava dias para terminar. Raspava tanto o fundo com a colher que a parte interna brilhava mais que osso de cadáver de camelo ao sol do Saara. O bicho comeu.

Nos domingos que ficava lá, havia a opção de pular o muro do colégio das freiras no lado oposto do São Jacó. Mas essa já é outra história. E bem mais alegre.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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