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A maldade do bem

O jornalista Antônio Goulart relatou no Face o estranho telefonema que recebeu, com uma voz feminina perguntou de quanto dinheiro ele precisava. Depois de vais-e-vens, fez-se a luz. Ela achava que tinha ligado para o filho. Goulart perdeu uma grana por não ter respondido e dado o banco e número da conta, segundo a maior parte dos comentários.

Comigo deu-se algo parecido, mas com a mão trocada. Meu colega de mesa aqui no JC, Roberto Brenol, começou a resmungar sobre um telefonema que acabara de receber. Quem era e o que queria, perguntei.

– Um sujeito me deu os parabéns por ter sido sorteado no programa do Faustão, disse que ganhei uma casa no valor de R 25 mil. E me deu um número para que eu ligasse de volta para detalhar como receber o prêmio.

Como o Brenol não tem maldade no coração, ficou na dúvida se era ou não verdade, até porque – achava – golpista sempre acena com um prêmio grande, de milhões. Disse a ele que vigarista bom neste ofício não é ganancioso, exatamente para não despertar suspeitas. Ora, uma casinha de 25 pilas. Então eu peguei o número e liguei. Segundos depois uma voz cavernosa atendeu. Incontinenti, como se dizia antigamente, disparei:

– Meus parabéns! O senhor acaba de ganhar uma casa no valor de R$ 25 mil do Programa do Fauxtão!

Alguns segundos depois, a voz respondeu.

– EU ganhei uma casa!!! Mas como?

Em seguida, ouvi outra voz lá do fundo.

– Desliga logo, otário! É a polícia!.

Foi ou não foi uma maldade do bem?

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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