Que tal uma melancia da altura de uma pessoa? E acertar não só 13 mas 14 pontos na Loteca? Pois um motorista que conheci nos bons tempos das redações queimava campo pra mais de metro, como se diz na Fronteira. Facilitava e até a arca de Noé fora construída no estaleiro de um ancestral.
Quando saíamos para alguma reportagem na rua, o bom homem era caprichoso de pilares, especialmente quando havia um novato na viatura. Ele então mostrava um volante da Loteca – que pagava muito naqueles tempos – com uma aposta a mais que as 13, um jogo extra escrito com caneta. Em resumo, ele teria acertado os 13 e colocou mais um jogo supondo que houve esquecimento da Caixa.
– O volante foi anulado pelo 14º jogo. Mas que acertei os 14, acertei.
A segunda foi a da melancia gigante, colhida na roça de um parente. Para comê-la convidaram várias famílias de tão grande que era. Metade da casca foi escorada em um muro para servir de abrigo em caso de toró. Só faltou dizer que fizeram uma canoa da outra metade.
Um terceiro causo foi contado com certa relutância. A sua mulher era crente de uma dessas seitas severas, que proíbem até sexo entre casados, óbice que não o deixava de todo insatisfeito. Digamos que ela fosse igual à largura da famosa melancia. Certo dia, ela pediu encarecidamente que ele fosse buscá-la após o culto. Ele foi. O pastor falava nas delícias divinas quando ele entrou no sagrado recinto. Ao vê-lo, a maionese desandou assim que o pastor deitou os olhos nele.
– A bebida, meus irmãos, a bebida é uma maldição. Ai de quem bebe, o fogo do inferno arderá mais para os pinguços, para esses não haverá salvação!
Ai meu Deus, pensou o motorista, será que está tão na cara que eu gosto de um trago? Puxa, nem é tanto assim. A perpétua o fuzilava com o olhar, como a dizer tu vai ver em casa o que é bom para a tosse. Depois que ele somou dois mais dois. Depois de apanhar com toalha molhada ele tirou a camiseta que usavas. Estava ali a explicação.
Na camiseta estava escrito “Eu bebo todas!”