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A involução das espécies

O episódio do temporal e seus efeitos, especialmente em Porto Alegre, revelou mais uma vez como políticos de oposição não têm compromisso com o bom senso. Nem se importam com as mazelas da população, que ficou sem eira nem beira durante dias.

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Os da esquerda foram os piores, tipo ser contra podas de árvores, mesmo que os galhos ameacem redes de alta tensão, como mostrei em foto ontem. Se a cidade não estava preparada para um evento extremo dessa natureza é uma coisa. Outra é emitir opiniões desatinadas.

Aqui vai uma expressão originária da França, que resume muito bem a ópera:

“Assim são os eleitores, assim são os eleitos. Se estes são ruins é porque os primeiros são piores.”

A bolha assassina

O Brasil está vivendo uma epidemia de não-saber, popularmente conhecido como burrice. Esse estado intelectual leva à incompetência, que, no nosso caso, mostra-se como total falência de profissionais em escala alarmante.

Nem vamos falar nas causas, já conhecidas. O problema do burro é achar que sabe até o que não sabe, quando na realidade ele nada em um aquário muito pequeno.

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Por isso, dizemos que nada funciona. Como no filme cult A Bolha Assassina. Ela tomou conta de pessoas físicas a jurídicas, passando por instituições governamentais ou paragovernamentais, com as devidas exceções. Para azar delas, porque em terra de cego quem tem um olho é expulso.

Concurso de peitos

Pois em um momento de ócio criativo este escriba se pôs a ver a cobertura do Grammy Awards 2024 no canal E!, que se realiza em Los Angeles. Rapaz do céu, a gente já viu muito, mas não viu tudo.

Começando pelo início e terminando no fim, como disse o Coelho de Óculos de Alice no País das Maravilhas. Contrastando com edições anteriores, não houve tantas estrelas com aqueles vestidos malucos desenhados por modelistas sob efeito de alucinógenos. Desta vez foi tudo preto – ternos, vestidos, sapatos, meias. Tipo ordem unida.

Os peitos de fora ou quase de fora tiveram a sustentá-los vestidos do tipo marquise de loja, espremendo-os para cima como se fossem os Dois Irmãos do Vale dos Sinos. Uma maravilha da engenharia peitoral, admito.

Ocorre que o exemplo acima foi exceção. Na maior parte, apresentadoras e cantoras usaram vestidos em que os seios foram espremidos lateralmente, uma interessante versão de sustentabilidade, porque tão espremidos que nem fio dental passaria entre eles, tipo arroz empapado “unidos venceremos”.

Em vez de pontudos, na versão deste ano, eles foram largos como a ofensiva de Putin no front da Ucrânia. Boa parte da produção do Vale do Silicone foi para artistas brancos.

Convenientemente, loiras evitam usar decotes laterais para não mostrar a bem definida fronteira entre o real e o surreal. Chamou atenção um cantor usando um casaco de couro preto, mas sem nada mais por baixo. Quem sabe, esperar a saída para abri-lo como Batman abrindo as asas de morcego.

Outra coisa que chamou a atenção é o grande número de sobrenomes ligados por hífen. Um traço de união copiado das famílias da nobreza britânica.

Em português, até Zelaína Silva-da-Silva soa fashion. Enfim, o hedonismo norte-americano atinge seu apogeu em eventos como este.

Quanto às músicas, só saberemos na premiação no dia 4 de fevereiro. Mas uma coisa é certa: chegamos ao ponto em que a melodia em si interessa menos que caras & bocas previamente ensaiadas e atordoantes efeitos de luz e cor com backing vocals disputando um campeonato para ver quem grita mais alto.

Enfim, a glória da música sem música.

Fernando Albrecht

Fernando Albrecht é jornalista e atua como editor da página 3 do Jornal do Comércio. Foi comentarista do Jornal Gente, da Rádio Band, editor da página 3 da Zero Hora, repórter policial, editor de economia, editor de Nacional, pauteiro, produtor do primeiro programa de agropecuária da televisão brasileira, o Campo e Lavoura, e do pioneiro no Sul de programa sobre o mercado acionário, o Pregão, na TV Gaúcha, além de incursões na área executiva e publicitário.

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