Se tem coisa que porto-alegrense gosta é de camarão. A demanda só não é maior porque o preço é alto demais, vocês sabem. O que tem muito é restaurante oferecendo camarão-pigmeu, o camarão onde-estás-que-não-te-vejo?. É o mesmo que mal e mal serve para fazer pastel e empada de camarão. Estou convicto que os pioneiros da nanotecnologia tiveram a ideia depois que comeram um prato de camarão em alguma casa de Porto Alegre.
Há anos eu gostava muito de uma casa que oferecia fetuccine verde com camarão, que inicialmente apresentava alguns de tamanho razoável. O tempo foi espichando e o crustáceo foi encolhendo. Abro um parênteses para garantir a vocês que camarão fresco NÃO tem cheiro de camarão. E ele é reto, fica curvado não de dor ao ser morto – segundo as cozinheiras – mas porque desincha, perde água. Fecho parênteses.
Pois um dia eu reclamei para um dos donos da tal casa sobre o tamanho do bicho, e então ele veio com aquela inefável conversinha que os pequenos são mais saborosos bla bla bla. Mentira. Mas prometeu servi-los maiores. Foi uma promessa solene, o Juramento do Camarão. Dias depois conferi o prato e, a partir daquele dia, passei a chama-lo de A Grande Família: um só camarão médio e pelo menos uns oito filhotinhos de camarão.
É por isso que não acredito na humanidade.