Antes da enchente, as cidades gaúchas pequenas despertavam sentimentos ambíguos. Quanto mais idade se tem, maior era a vontade de voltar a elas. Enquanto os nativos não viam a hora de sair em busca da cidade grande. Falo da minha geração que saiu da adolescência nos anos 1950 início dos 1960.
O efeito educação
Nestes aglomerados urbanos, a monotonia era constante. Um ou dois cinemas, alguns cafés, clubes sociais, o ginásio, o curso Normal para as mulheres, o curso de Contabilidade. Entretanto, sem ensino superior.
Ir à reuniões dançantes, bailes, beber incontáveis cafezinhos, paquerar as garotas, jogar conversa fora na praça com a turma. Além disso, uma escapada para cidades maiores em fins de semana. E deu.
O novo começo, mas onde?
Isso foi a.E., antes da Enchente. Começou a tendência de interioranos que migraram para Porto Alegre voltar às origens ou morar nas origens. Estão fartos da criminalidade e estresse gerado para viver e, às vezes, sobreviver na cidade grande.
Este sonho foi desfeito com a destruição causada pela enchente, considerando que 90% das cidades gaúchas foram parcial ou totalmente destruídas. Nem roça, nem praça, nem clube, nem paquera.
O sonho acabou
Desnorteados, os gaúchos saudosos da vida mais simples estão como baratas tontas. Sem eira nem beira. A Capital vai ter um número recorde de sem-tetos. Já a criminalidade vai ser maior,. Enquanto isso, as cidades atingidas vão ter menos moradores, que devem buscar outros estados e cidades mais altas.
Teremos um retrato mais fiel do Rio Grande do Sul dentro de um ano ou mais. O sonho acabou, o pesadelo começou.
Daria tudo…
…para voltar à monotonia de antigamente. Só damos valor às coisas depois que as perdemos.
Dois milagres
Segundo a Bíblia, Jesus operou o milagre da multiplicação dos pães. Nossos restaurantes também operam um, mas de outra forma: o milagre da redução das porções..
Porto Alegre, 5 de maio de 2024. Rua da Praia logo após a General Câmara.
“Confie em Deus mas amarre bem o seu cavalo.”
Pensamento do Dias
O Instituto dos Advogados do RS (IARGS) abriu no site um espaço denominado de “Calamidade Pública” destinado a artigos jurídicos relacionados à atual situação do Estado do RS.
https://www.iargs.com.br/calamidade-publica-rs/