Um dos aspectos mais notáveis da corrupção brasileira é a correção monetária do butim que os corruptos exigem. Em décadas passadas, grandes negociatas variavam entre quantias fixadas previamente e comissões modestas, se comparadas com hoje.
Mas eram poucos os que assim procediam. Lembro de um banqueiro que exigia 10% para si dos empréstimos que seu banco concedia. Por isso, era conhecido por fulano de tal dez por cento. Na esfera pública, falava-se em 1%, 2% no máximo.
O cestão e a cestinha
Na década de 1970, ouvi de um empresário paulista falido da área da construção, que seus colegas (alguns) sabiam previamente das concorrências públicas subornando secretárias com uma boa cesta de Natal para quem lhes passassem cópias xerox das condições contratuais.
O boy que tirava xerox também recebia uma cesta. Mas era uma cestinha menor. Então os subornos eram mais democráticos, por assim dizer.
Liberou geral
Com o correr dos tempos, os curtuptos passaram a exigir milhões ou dezenas de milhões. Na realidade, podemos falar em centenas de milhões de reais em alguns casos.
E pegou geral, seja em dinheiro na mala ou depósitos em nomes de laranjas nos paraísos fiscais. Morde desde o pequeno até o grandalhão.
O padroeiro do afano
Verdade seja dita, a corrupção e a propina são antigos. É conhecido o caso bíblico do prato de lentilhas.
Mas o padroeiro mesmo foi Judas, que se vendeu por 30 dinheiros. Se quiserem rigor na definição, dá para dizer que foi delação premiada.
Já é tempo de pensar nas eleições
A julgar pela quantidade de pessoas que foram esta semana ao Instituto Ling — cerca de 500 em dois dias — para participar do Compol RS, o marketing político está em alta. E, é claro, buscando qualificação para as eleições vindouras.
Como reforça o jornalista Cleber Benvegnú, sócio-fundador da Critério, que trouxe o evento à Capital, o encontro reforça a maturidade e o profissionalismo do setor. “O conteúdo abordado vai ajudar muito a qualificar a atuação dos profissionais já nas eleições deste ano. E isso é positivo para a democracia”, pontua.
Os grandes culpados
Estudo feito pela Brigada Militar, há alguns poucos anos, mostra 85% dos homicídios da Região Metropolitana de Porto Alegre têm ligação direta com as drogas e o tráfico. Não será diferente no resto do país.
E apenas em torno de 30% dos usuários de drogas são efetivamente viciados, 70% a usam “recreativamente”. Eles são os culpados pela mortandade.