Os inativos do funcionalismo público do RS já ultrapassam o número de ativos percebendo o mesmo valor como se ativos fossem. Esta conta não fecha em nenhum país do mundo. No final dos anos 1980, conversei com o presidente de uma multinacional do tabaco em um jantar na Fiesp após evento empresarial. Discutomos sobre a previdência pública federal, maré alta, que já molhava as canelas da gestão pública. Ele estava convicto de que, mais dia menos dia, bateríamos num sólido muro. Na hora do cafezinho, ele falou uma coisa que não esqueço até hoje:
– Gaúcho, eu desconto quase 30% do meu salário para o meu fundo de pensão, e olha que já lá se vão mais de duas décadas.
Fez uma pausa e deitou a xícara no pires.
– Mesmo com todo esse desconto em folha, você sabe quanto eu vou receber de pensão quando me aposentar? Sessenta por cento do que ganho atualmente! Vocês devem acreditar em Papai Noel para achar que pagar aposentadoria integral pode fechar essa conta.
Nem falamos se era justo ou não. Até porque no Brasil há duas classes de cidadãos. Os da iniciativa privada pertencem à segunda.